quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Emma Bovary somos nós!




" O destino da mulher e sua única glória são fazer bater o coração dos homens. É propriedade que se adquire por contrato, ela é mobiliária porque sua posse vale como título. A mulher enfim, não é, propriamente falando, senão um anexo do homem."
Balzac


Distante do debate entre realismo e romantismo, busco com esse post, deixar minhas impressões, não sobre o livro, que como clássico, não necessita qualquer comentário, mas sim sobre Emma, minha querida e injustiçada personagem.
Confesso que quando li Madame Bovary pela primeira vez não simpatizei com as atitudes de Emma. O retrato de uma mulher provinciana da França em meados do século XIX, casada, cegamente amada por seu plácido marido Charles Bovary, com encantos superiores ao de suas vizinhas interioranas, de vida financeira estável, parece o auge da felicidade feminina para os padrões da época.
Dessa forma, ao cometer erro após erro, afundando-se em dívidas e falsas promessas de amor, nos desgostamos de Emma, criticamos suas atitudes, julgamos sua fraqueza. Em sua defesa, parto, antes de tudo, para uma análise do período histórico em que o romance se insere, podendo ser de grande ajuda para compreendermos o caráter de Bovary.
Apesar da abertura de pensamento proporcionada em grande medida pela Revolução Francesa, os ideais de igualdade, liberdade e fraternidade ainda não eram extendidos para o sexo feminino. As mulheres deveriam apenas se preparar para um bom casamento e para a maternidade. Não haviam profissões abertas às mulheres. Para aquelas que não optavam pela vida religiosa (a própria Emma buscou o caminho espiritual, à princípio) restava apenas o casamento como caminho a ser seguido.
Logo, o desespero de Bovary é totalmente justicado pela decepção no matrimônio, uma escolha sem volta. Sem saída, com a alma alimentada por romances e histórias de heroínas românticas, Emma rejeita a resignação e busca desenfreadamente alguma forma de ser feliz.
E é exatamente aqui que minha personagem torna-se apaixonante. Emma Bovary representa o desejo, a urgência, a vontade de ser feliz. E é essa busca, intrínseca ao ser humano, que absolve Emma de suas péssimas escolhas. Podemos questionar suas ações, mas nunca suas motivações. Apesar do autor ter se declarado a própria Madame Bovary, eu discordo. Emma pertence a humanidade, representa seus anseios e vontades e está, em diferentes aspectos, dentro de todos nós. É claro, essa é apenas a minha opinião!

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Lindo!!!

Emma Bovary c'est moi

De uma biscate aproveitadora passa a ser a mulher com que todos os leitores se identificam.
Se esta obra marca ou não o início do realismo, há controvérsias, mas mais do que isso a personagem Emma Bovary sinaliza a voz da mulher na Literatura. Emma chocou a burguesia da época, mas sua intenção era apenas fugir da mediocridade da vida provinciana, buscar uma felicidade que, no seu casamento, ela não havia encontrado. Através da Madame Bovary, Flaubert consegue mostrar aos leitores um pouco mais de entendimento sobre os anseios femininos, que não estavam explícitos nas obras românticas daquela época. Gustave Flaubert é Madame Bovary porque não quer se calar, quer mais, quer se sentir satisfeito, mesmo que condenado.


Emma Bovary c'est moi!

domingo, 11 de outubro de 2009

Título do mês: Madame Bovary


Madame Bovary é um romance escrito por Gustave Flaubert que resultou num escândalo ao ser publicado em 1857. Quando o livro foi lançado, houve na França um grande interesse pelo romance, pois levou seu autor a julgamento.
Ele foi levado aos tribunais, onde utilizou a famosa frase "Emma Bovary c'est moi" (Emma Bovary sou eu) para se defender das acusações. Acusado de ofensa à moral e à religião, num processo contra o autor e também contra Laurent Pichat, diretor da revista Revue de Paris, em que a história foi publicada pela primeira vez, em episódios e com alguns pequenos cortes. A Sexta Corte Correcional do Tribunal do Sena absolveu Flaubert, mas o mesmo procedimento não foi adotado pelos críticos puritanos da época, que não perdoaram o autor pelo tratamento cru que ele tinha dado, no romance, ao tema do adultério, pela crítica ao clero e à burguesia: (Gostava do mar apenas pelas suas tempestades e da verdura só quando a encontrava espalhada entre ruínas. Tinha necessidade de tirar de tudo uma espécie de benefício pessoal e rejeitava como inútil o que quer que não contribuísse para a satisfação imediata de um desejo do seu coração - tendo um temperamento mais sentimental do que artístico e interessando-se mais por emoções do que por paisagens.)[1]

É considerada por alguns autores como a primeira obra da literatura realista.

Discussões a respeito do livro podem ser feitas nos comentários e nos encontros mensais do grupo!
Bom feriado a todos!

Sam.